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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A importância de socializar o filhote

Por Equipe Cão Cidadão

“Acho melhor meu cachorrinho não ter contato com o mundo lá fora... Ele é tão pequenino e ainda não tomou todas as vacinas...”. Esse, geralmente, é o pensamento e a preocupação dos proprietários de filhotes.

Mas você sabia que existe uma fase, no crescimento e desenvolvimento mental do cachorro, em que está preparado para, digamos assim, investigar o mundo sem receio? E quanto mais distante fica essa fase, mais difícil é para acostumar o cão às coisas novas?

Entre dois e três meses de idade, as conexões neurais estão completas e o filhote está pronto para aprender as coisas do mundo. Imagine que até essa idade, se estivesse em uma matilha, tudo que se aproximasse seria com o consentimento dos mais velhos e não apresentaria perigo. Depois, o cachorrinho começa, para a própria sobrevivência, a ficar mais desconfiado e atento às suas investigações.

O cão poderá se relacionar bem para o resto da vida com tudo que ele conhecer e associar a algo agradável quando filhote. O contrário também é verdadeiro. Por isso, essa fase também é muito importante, qualquer que seja a novidade na vida do filhote, deve ser apresentada gradualmente e ele deve se sentir seguro, pois se for algo assustador, ele pode desenvolver um trauma que pode durar a vida toda. Por exemplo: filhotes que, sem querer, caem em uma piscina geralmente ficam com medo dela mesmo quando adultos.

Nesta fase o ideal é que o cãozinho seja apresentado a sons, objetos, pessoas diferentes, outros animais, locais e situações diversas – sempre com cautela. Dessa forma, o animal se tornará um cão confiante e seguro diante de diversas situações da vida e poderá conviver mais e melhor com você e tudo a sua volta.

O isolamento durante essa fase leva a redução do interesse e da procura do contato com humanos e animais em geral. Isso pode ocasionar imaturidade, insociabilidade, comportamento anormal e estereotipado, agressividade por medo, deficiência na aprendizagem e reação vagarosa a novos estímulos.

Mas atenção às doenças! Devemos ter sempre muito cuidado, pois nessa época o filhote ainda não tomou todas as vacinas. Como fazer então? Nos locais onde ele não pode ficar no chão para prevenir contaminação (na rua, por exemplo) você pode deixá-lo no colo, sem que tenha contato físico, apenas visual. Não deixe de conversar com seu veterinário sobre esse assunto.

Lembre-se de que saber interagir não significa gostar de interagir.

Ser sociável tem a ver com o temperamento inerente de cada cachorro, se ele gosta ou não da interação com outros seres e objetos. Claro que isso pode ser estimulado ou desestimulado, fazendo com que o cão goste mais ou menos dessa interação. Mas quem conhece mais de um cachorro, que foi criado da mesma forma, com os mesmos estímulos, sabe que tem aqueles que simplesmente adoram interagir e brincar com outros cães, pessoas e objetos, e aqueles que preferem ficar investigando o ambiente a se relacionar com os outros.

Ser social é conhecer as regras de socialização, convivência e interação, quando e como se aproximar ou recuar, como demonstrar suas intenções, entender a hierarquia e a comunicação corporal e expressiva entre os da sua espécie. Isso é aprendido desde que ele nasce, aceitando as regras e limites impostos pela mãe e a hierarquia do grupo, ou seja, as regras do convívio social entre os cães. Acontece principalmente enquanto os filhotes estão brincando e por esse motivo é tão importante que o cachorrinho não seja separado da ninhada antes de aproximadamente 60 dias. Depois vem o aprendizado das regras de convivência humanas, a educação.

Um cão pode ser apenas social, apenas sociável, as duas coisas ou ainda nenhuma das duas.

Pense sempre no bem-estar do seu cachorro em todas as situações pelas quais ele pode passar durante a vida.

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Texto: Patrícia Possa (Adestradora Cão Cidadão)
Revisão e edição: Alex Candido

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